domingo, 3 de junho de 2012

A BRIEF HISTORY OF REGGAE by myself

"Em Sansiro, Milão, 1981, BOB MARLEY foi o primeiro jamaicano a fazer um concerto musical na Europa. O álbum BOB MARLEY AND THE WAILERS foi um enorme sucesso. Músicas como "Mama no cry", "Getu up, Stand up live in", mais pops, e "Redemption Song Life", mais poética, são cantadas em toda parte, por toda gente. Alguns meses depois, Bob Marley morre. Um enorme buraco vazio cobre o cenário musical jamaicano e o mundo de Jah, é então que surge YELLOWMAN,

um monstrinho que mistura, na própria pele, a frágil poesia com uma forte batida tribal. Yellowman é singular, é uma evolução de Bob Marley. Chamado de "The King of Reggae Muffin", Yellowman faz um tipo de rap jamaicano, "reggae muffin" tem uma batida mais rápida, diferente do reggae de Bob, mais caraíbico, mais solar, praiano. Mas o reggae é um mundo a parte. Depois do OPERA REGGAE, Bob Marley, que fundia em suas composições todos os gêneros que se faziam ou viriam a se fazer no reggae, surge nomes como GREGORY ISAACS,

DENNIS BROWNM, "The Reggae Crownd Prince", um reggae muito bonito, muito leve,

diferente do BURNING SPEARS, mais comerciais,

ou do PETER TOSH, do qual nem sei o que falar porque não conheço muito."


sábado, 2 de junho de 2012

A BIBLIOTECA PERDIDA lexia001

"Perdi meus livros, todos! E eis que se operou, então, uma fratura de fala, um abalo sísmico na minha alma. A princípio fiquei nua, mais que nua, dilacerada em alguma entranha de onde nada jorrava. Fiquei muda, mais que muda, oca ‘como a toca de um bebê sem cabeça’! Caetanear foi fácil naqueles dias. Percebi, então, o que sempre soube, quando somem as palavra ainda sobra o ritmo. E do ritmo pode-se resgatar a música. E da música, a poesia desse instante. Lembrei-me do verso acima com uma excitação inteiramente visual, pesada e desagradável como a primeira vez que vi um beijo de língua, um filme pornô, a fratura exposta em um acidente de carro. Não gostei do vi, mas não consegui desviar os olhos. 
Sim, perdi todos os meus livros! Decepção e, ao mesmo tempo, puro espetáculo. Estava, agora, pronta para o que fora sempre um destino. Estava, finalmente, livre de todas as outras vozes, fascinantes em algum momento, mas já, há muito, totalmente desnecessárias. A inesperada aproximação às fontes e aos lagos da memória, corou-me a face de puro pudor. A tateante criança que eu sempre fora enfia a mão no armário escuro da cozinha e suja e lambe os dedos nos potes de manteiga e mel, petiscando aqui e ali guloseimas benjaminianas.
Meus livros, perdi-os, e daí? Alguns eram puro fetiche, nunca os li. Outros me foram impostos à força, engoli-os como a um remédio amargo. Muitos li pela metade, não mereciam nem isso. Alguns devorei, em períodos de fome e escassez de recursos. Uns poucos, amados, verdadeiramente degustei, li e reli, sabores raros, jamais copiados. Desses certamente sentirei muita falta, trago-os comigo, pedaços que de alguma forma cravaram-se na minha memória.
Meus amados livros… Preciso urgentemente recordá-los agora que já não os tenho mais. Preciso forjá-los ainda que os profane com meu cinzel tosco. O que é a memória senão esse mundo trapaceado, onde tudo é vertiginoso e manipulado. Lembrar é ficar velha demais, ou é remoçar? O tempo passa e eu, parada, admiro seus estragos. Recolho os pedaços de retalhos que me sobraram e teço com eles uma malha grosseira, customizada, fragmentos de uma pele amorosa demais vão me cobrir nessa hora de total abandono e prazer que é a escritura. E eu vou me deixar cobrir por ela como o faria uma amante ao seu mais desejado homem,  passiva e ávida.
O cego que me guia agora borbogeia essa história. Ele me diz mais ou menos assim:
_ A melhor forma de se ter um livro é escrevendo-o!”