quarta-feira, 28 de março de 2012

O PAPALAGUI, OS NACIREMAS E A CARTA DE MACUNAÍMA

A Carta de Macunaíma, no capítulo IX, do livro Macunaíma, de Mário de Andrade, foi escrita quando o herói, naquela pindaíba, sem um puto no bolso, depois de torrar todas as suas bagas de cacau brincando com as paulistinhas num bordel, resolveu pedir dinheiro para as icamiabas. Tal como um filho pródigo, lembrou-se de casa, das mulheres amazônicas que abandonou. Fortes guerreiras, sem dúvida, mas rústicas, primitivas, telúricas. Consta que falavam outra língua e que, o que era de se esperar, não sabiam ler nem escrever, analfabetas, portanto. Como iriam, então, entender a carta? Qual a intenção do herói ao escrevê-la? Uma pedra bem no meio do caminho do herói. Não é por acaso que esse capítulo encontra-se também no meio do livro. Será que o interlocutor visado por essa carta são mesmo as icamiabas? Macunaíma é Mário nesse momento. Passada a euforia, juvenil e irrevente, frente ao novo, a viagem da arte moderna por São Paulo, a Semana de 22, Mário e Macunaíma, ambos terão que amadurecer. Os jovens não sabem ainda disso, os velhos tratam logo de esquecer, mas o rito da passagem para a idade adulta dói muito. É solitário. Não raro, vem acompanhado de perdas. Macunaíma perde a Muiraquitã, lembrança do seu amor, Ci. E Mário, perde o quê? O Brasil não conhece o Brasil! O Brasil nunca foi ao Brasil! Mário perde, talvez, a POST EM CONSTRUÇÃO

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