segunda-feira, 18 de novembro de 2013

SOBRE PROFESSORES...

"Os professores não falham nunca por ignorância.
Isto é sabido por experiência profissional.
Os professores falham quando não conseguem "manobrar a classe".
A verdadeira educação deve limitar-se, exclusivamente, aos homens que INSISTEM em conhecer, o resto é pastoreio de ovelhas"

domingo, 27 de outubro de 2013

CRIANÇA PETISCANDO

Na fresta do guarda-comida entreaberto penetra sua mão, como um amante através da noite. Quando então, na escuridão, ela se sente em casa, tateia em busca de açúcar ou amêndoas, de uvas passas ou frutas em conserva. E assim como o amante, antes de beijá-la, abraça sua amada, assim o tato tem com eles um encontro marcado, antes que a boca prove sua doçura. Como se entrega o mel, como se entregam os cachos de passas de Corinto, como até mesmo o arroz se entrega lisonjeiramente à mão. Que apaixonado esse encontro dos dois, que agora enfim escaparam da colher. Grata e selvagem, como uma moça que foi raptada da casa dos pais, a compota de morango se dá a saborear aqui sem pãezinhos e, por assim dizer, sob o livre céu de Deus, e até mesmo a manteiga responde com ternura à ousadia de seu conquistador, que penetrou de assalto em seu quarto de donzela. A mão, Don Juan juvenil, logo penetrou em todas as celas e aposentos, deixando para trás camadas que escorrem e massas que fluem: donzelice que se renova sem queixa.


O trecho acima é do livro Rua de Mão Única, de Walter Benjamim.

KIM TCHUN-SU

 Flor


Antes de eu pronunciar o nome
ele não era
mais que um simples gesto

Quando eu lhe pronunciei o nome
ele veio a mim
e se tornou uma flor

Assim como chamei-lhe o nome
alguém me chama o nome
que combine com o meu nariz e o meu perfume

Também quero ir até ele
e tornar-me a sua flor
Todos nós queremos ser algo
Eu para você, você para mim
Queremos ser
um inesquecível
significado

NAMGUNG BYÓK

Dor da Estrelas


Querida, minha querida, quando
o bebê revira o corpo na cama
nunca te ocorreu, involuntariamente,
levar um grande susto?

Querida, minha querida, quando
as pessoas do mundo torcem e arrancam as flores da terra,
nunca te ocorreu que as estrelas do céu se contorcem de dor?

CORÉIA: UM PAÍS QUE SE CHAMA DANÇA por paulo leminski


CORÉIA: UM PAÍS QUE SE CHAMA DANÇA


     E a devoração brasileira da poesia do planeta, via tradução, prossegue. Agora um ramo de flores, iluminado, vindo do “País da Serenidade Matutina, pelas mãos doces de Yun Jung Im, estudiosa coreano-brasileira, atualmente em Seul, de onda manda uma carta, através do irmão me convidando para participar desta bonita festa de poemas doloridos e ternos, densos e melancólicos.
     Esta antologia (antologia”, em grego, quer dizer escolha de flores) marca a chegada da poesia coreana entre nós, ampliando, no ano das Olimpíadas de Seul (encontro helênico-coreano), nosso conhecimento das artes do Extremo Oriente.
     Da China, já conhecíamos várias coisas, através das transcriações do original, por obra e graça de Haroldo de Campos ou através de traduções de Ezra Pound, entre outros.
     A poesia japonesa, através dos haikais, já é presença na poesia brasileira desde o Modernismo.
     A poesia coreana traz, a fogo, a marca do povo que a produziu, um povo sofrido de mil guerras e mil invasões, imprensado entre a China e o Japão, por eles invadido e oprimido. Nesse sentido, a condição nacional do povo coreano lembra demais a situação da Polônia na Europa, nação orgulhosa sempre espremida entre os alemães de um lado e os russos do outro.
     Como os poloneses, os coreanos tiveram muito que lutar para preservar sua personalidade nacional e seus valores culturais.
     Assim como a língua polonesa foi proibida por dominadores prusssianos e russos, a língua coreana chegou a ser proscrita pelos invasores japoneses.
     Mas, como a Polônia e o povo polonês, a Coréia e o povo coreano sobreviveram e hoje estão presentes aqui no Brasil em contingentes imigratórios significativos, entrando a fazer parte, a partir de agora, deste carnaval de raças que, um dia, vai ser o povo brasileiro.
     Na poesia coreana do século XX, objeto deste livro, me chama a atenção a finura de percepção, a delicadeza de certos registros e uma espécie de doce melancolia que impregna tudo.
     E, sobretudo, a presença de um grande poeta, a revelação do livro para mim, desde já o meu poeta coreano moderno, o boêmio e surrealista Yi Sang, com poemas experimentais surpreendentes.
     “Coreó”, o nome antigo da Coréia, significa Alta Beleza”.
   Pelo Aurélio, significa “Dança”. Feliz coincidência. E nessa dança, estamos desde já.

Paulo Leminski
(junho de 1988)

sábado, 26 de outubro de 2013

T. S. ELIOT (1888 - 1965)




A TERRA DESOLADA

O ENTERRO DOS MORTOS (um trecho)

Abril é o mais cruel dos meses, germina
Lilases da terra morta, mistura
Memória e desejo, aviva
Agônicas raízes com a chuva da primavera.
O inverno nos agasalhava, envolvendo
A terra em neve deslembrada, nutrindo
Com secos tubérculos o que ainda restava de vida.
O verão; nos surpreendeu, caindo do Starnbergersee
Com um aguaceiro. Paramos junto aos pórticos
E ao sol caminhamos pelas aléias de Hofgarten,
Tomamos café, e por uma hora conversamos.
Big gar keine Russin, stamm' aus Litauen, echt deutsch.
Quando éramos crianças, na casa do arquiduque,
Meu primo, ele convidou-me a passear de trenó.
E eu tive medo. Disse-me ele, Maria,
Maria, agarra-te firme. E encosta abaixo deslizamos.
Nas montanhas, lá, onde livre te sentes.
Leio muito à noite, e viajo para o sul durante o inverno.
Que raízes são essas que se arraigam, que ramos se esgalham
Nessa imundície pedregosa? Filho do homem,
Não podes dizer, ou sequer estimas, porque apenas conheces
Um feixe de imagens fraturadas, batidas pelo sol,
E as árvores mortas já não mais te abrigam,
nem te consola o canto dos grilos,
E nenhum rumor de água a latejar na pedra seca. Apenas
Uma sombra medra sob esta rocha escarlate.
(Chega-te à sombra desta rocha escarlate),
E vou mostrar-te algo distinto
De tua sombra a caminhar atrás de ti quando amanhece
Ou de tua sombra vespertina ao teu encontro se elevando;
Vou revelar-te o que é o medo num punhado de pó.

(Tradução de IVAN JUNQUEIRA.)

CHARLES BUKOWSKY (1920 - 1994)



há um pássaro azul no meu peito
que quer sair
mas eu sou demasiado duro para ele,
e digo, fica aí dentro,
não vou deixar
ninguém ver-te
há um pássaro azul no meu peito
que quer sair
mas eu despejo whisky para cima dele
e inalo fumos de cigarros
e as putas e os empregados de bar
e os funcionários da mercearia
nunca saberão
que ele se encontra
lá dentro.
há um pássaro azul no meu peito
que quer sair
mas eu sou demasiado duro para ele,
e digo, fica escondido
queres arruinar-me?
queres foder-me o
meu trabalho?
queres arruinar
as minhas vendas de livros
na Europa?
há um pássaro azul no meu peito
que quer sair
mas eu sou demasiado esperto,
só o deixo sair à noite
por vezes
quando todos estão a dormir
digo-lhe, eu sei que estás aí,
por isso
não estejas triste.
depois, coloco-o de volta,
mas ele canta um pouco lá dentro,
não o deixei morrer de todo
e dormimos juntos
assim
com o nosso
pacto secreto
e é bom o suficiente
para fazer um homem chorar,
mas eu não choro,
e tu?

EZRA POUND (1885 - 1972)

                                                          "O mau crítico se identifica facilmente quando começa a discutir o poeta e não o poema."



CANTO 6

O que fizeste, Odisseu,
     Sabemos o que fizeste...
E que Guillaume liquidou as rendas de suas terras
(Sétimo de Poitiers, Nono de Aquitânia).
     "Tant las fotei com auzirets
     Cen e quatre vingt et veit vetz..."
A pedra é viva em minha mãe. Fartas
     colheitas no ano de minha morte...
Até que Louis desposou Eleonora
E teve (Ele, Guillaume) um filho que desposou
A Duquesa de Normandia cuja filha
Foi mulher do rei Henrique e maire del rei jove...
Navegaram até o fim do dia (Ele, Louis, com Eleonora)
E foram dar no Acre.
"Ongla, oncle" disse Arnaut,
     O tio comandava em Acre,
Que a conhecera ainda menina
     (Teseu, filho de Egeu)
E ele, Louis, não se dava bem nessa cidade,
Nem às margens do Jordão
Quando ele cavalgava até o renque de Palmeiras
Seu lenço no elmo de Saldino.
Divorciou-se dela naquele ano, ele Louis,
     divorciando-se de Aquitânia.
E naquele ano o Plantageneta a desposou
     (passando a perna em 17 pretendentes)
Et quand lo reis Lois lo entendit
     mout er fasché.
Nauphal, Vexis, Harry joven
Em usufruto para si e seus herdeiros
Terá Gisors, e Vexis, Neufchastel
Mas na falta da prole Gisors reverterá...
"Não precisa casar-se com Alix... em nome
Da santa Trindade indivisível... Ricardo nosso irmão
Não precisa casar-se com Alix, outrora pupila de seu pai... mas
Com quem escolher... pois Alix, etc...

(Tradução conjunta de AUGUSTO DE CAMPOS, DÉCIO PIGNATARI E HAROLDO DE CAMPOS)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

ADAM FILHO DE CÃO de YORAM KANIUK

Da série "O que estou lendo agora?" ou "DOS CUIDADOS DE SI -  porque uma pessoa é o que come o seu corpo, mas também o que devora a sua alma -", quero compartilhar, como um prato forte e exótico, desses de matar a fome de algum jejum estranho, a leitura de YORAM KANIUK, Adam filho de cão; tradução de Nancy Rozenchan, SP: Ed. Globo, 2003
 
A tópica da loucura acompanha essa insana que vos fala desde muito jovem. Já não me lembro quando li O Alienista, de Machado de Assis, e aquele doutor Simão Bacamarte entrou pelos quatro contos do meu corpo. Contos mesmo, não é um erro ortográfico, senão seria uma solução. E eu não quero explicar nada. Já temos explicações demais à nossa volta. Racionalizar em tempos como os nossos, já percebeu o cinema, é perda de tempo. Não vale um nihil! Todos queremos é fantasia. A fantasia de não ser homem. A delícia sem culpa, como se permite a um deus, de ser super, hiper, mega, plus, ultra ex-man. Adam Stein é um desses. Entrou na minha vida essa semana, a última de um fevereiro chuvoso, com tempestades de vento, trovoadas e raios, muitos raios, nessa cidade com nome de santo, nem pescador, nem cristão, um perseguidor atingido. Se um raio me atingir e me der super poderes deixarei de perseguir o que quer que seja e serei o que tiver que ser. Estamos no ano de 2013, do século XXI, e não há nada mais bizarro do que ser brasileira. Mas, hoje, Adam Stein está junto comigo nessa empreitada. Eu começo a vislumbrar quem eu sou. A descrição que me fez dele o Dr Gross, discípulo de Freud, vale por uma apresentação. Vou citá-la e fim de papo por hora:
 
"Tudo o que Adam Stein faz causa-lhes espanto. Ele sabe disso e faz tudo a fim de manter a fama. Dr Gross, que agora o aguarda no gabinete, chama Adam de "gênio", e dr. Gross não usa as palavras em vão. Pois Adam Stein foi privilegiado com talentos incomuns dos quais ele absolutamente não se vangloria. Sua beleza e riqueza, por exemplo, são-lhe mais importantes. O fato de, após a guerra, Herr Kommandant ter-lhe devolvido todo o seu dinheiro e tê-lo conduzido de volta a Berlim era, a seu ver, mais significativo do que o espantodo dr. Gross, diretor do Instituto de Repouso e Terapia, sobre sua cpacidade de ler livros fechados, conversar com pessoas que se encontravam a uma grande distancia ou saber a história de objetos pelo tato.
 
Poucos anos atrás, antes da fundação do Instituto da sra. Zisling, quando o hospital ainda se localizava em Jafa, e fora trazido peloa primeira vez ao dr. Gross, Adam reparara num belo sabre árabe pendurado na parede, junto ao retrato do dr. Freud numa moldura dourada. O lindo sabre, feito de metal prateado e enfeitado de borlas coloridas, excitou-o pela aparência nobre, selvagem, que lembrava deserto, e ele estendeu a mão e começou a apalpá-lo.
 
O dr. Gross jamais esqueceria ter permanecido sentado, observando Adam cujos olhos estavam fechados e parecia perturbado pelas forças ocultas desconhecidas, invisíveis, incompreensíveis que penetravam no espaço. Adam apalpou a arma e suas mãos como que contavam a história despejando pela boca as palavras e os nomes sem parar: Uja al-Khafir, El-Arish, uma rua numa cidade branca, praia, uma mesquita com um café ao lado e subitamente um tumulto, barulho, e dois árabes brigando, e de repente Adam grita dirigindo-se ao dr. Gross: "O dono do sabre matou o homem errado!" O médico empalideceu, respirou fundo e esperou, e Adam passeou pelo Oriente e chegou a Aden, ao principado do Golfo Pérsico, a Birodjan, às montanhas prateadas, às montanhas da própria Pérsia. De repente, gritou em inglês: "O sultão está morto, viva o rei, Sua Majestade George V"! O pai do dr. Gross servira no exército turco e em 1915 alistara-se na polícia britânica, chegara ao posto de oficial e passara por todos aqueles lugares.
 
O dr. Gross sorriu prazerosamente. De repente Adam pára, range os dentes, e seus olhos passeiam em volta. O que aconteceu? Alguma coisa o bloqueava, uma palavra estava presa em sua garganta e recusava-se a sair. Era uma provação, causa-lhe sofrimento até que consegue: "Ruth. Não sei por quê, mas o nome que desejo pronunciar é Ruth"."O que aconteceu, Adam?" Arrancado dos desertos fanáticos o dr. Gross voltou ao gabinete, e o retrato do dr. Freud devolveu-lhe a frieza perene, que não compactuava com o universo primitivo dissimulado na mente dos pacientes: "O que foi que aconteceu, Adam?"
 
"Não sei", disse Adam. "Ruth era o nome da minha filha. Vim procurá-la aqui, você sabe, não? Foi a ela que eu traí. Mas este sabre é seu e o que é que tem a ver com a minha filha?" O dr. Gross não compreende. Está sedento por aquele rio forte e tempestuoso que jorra do coração de Adam e lhe transmite uma informação antiga e gloriosa. Não, aparentemente não há nenhuma relação. Quem foi Ruth? O dr. Gross rebusca o pensamento e não descobre. Mais tarde vem a saber pela mãe que o pai, antes de se casar com ela, tinha sido casado com uma inglesa, a srta. Jeanne Parker, que viera para Israel com uma delegação de arqueólogos ingleses, fizeram escavações perto de Jenin, apaixonara-se pelo jovem Gross e depois se casara com ele. Os anciões da cidade chamavam-na Ruth, em homenagem a Ruth, a moabita, e, pelas costas, irados, meneavam as cabeças dizendo: "Gross alistou-se no exército turco, passou a usar um barrete turco e casou-se com uma mulher não-judia." Ela cansou-se dos murmúrios, fugiu para Londres e, então, Gross pai casou-se com quem dera à luz o dr. Gross. O sabre, contou-lhe sua mãe com os olhos vermelhos de saudades e da ferida que nunca cicatrizara, fora presente daquela Ruth, a não-judia."

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Yoane, Cuba e Capitalismo

Grande mídia brasileira não fará nenhum questionamento a Yoani Sánchez que esteja fora dos padrões de conveniências (Foto: aBr)


40 perguntas para Yoani Sánchez em sua turnê mundial: famosa opositora cubana fará seu giro global por mais de uma dezena de países do mundo
1. Quem organiza e financia sua turnê mundial?
 
2. Em agosto de 2002, depois de se casar com o cidadão alemão chamado Karl G., abandonou Cuba, “uma imensa prisão com muros ideológicos”, para imigrar para a Suíça, uma das nações mais ricas do mundo. Contrariamente a qualquer expectativa, em 2004, decidiu voltar a Cuba, “barco furado prestes a afundar”, onde “seres das sombras, que como vampiros se alimentam de nossa alegria humana, nos introduzem o medo através do golpe, da ameaça, da chantagem”, onde “os bolsos se esvaziavam, a frustração crescia e o medo se estabelecia”. Que razões motivaram esta escolha?
 
 
3. Segundo os arquivos dos serviços diplomáticos cubanos de Berna, Suíça, e de serviços migratórios da ilha, você pediu para voltar a Cuba por dificuldades econômicas com as quais se deparou na Suíça. É verdade?
 
4. Como pôde se casar com Karl G. se já estava casada com seu atual marido Reinaldo Escobar?

 
5. Ainda é seu objetivo estabelecer um “capitalismo sui generis” em Cuba?

 

6. Você criou seu blog Geração y (Generación Y) em 2007. Em 4 de abril de 2008 conseguiu o Prêmio de Jornalismo Ortega e Gasset, de 15 mil euros, outorgado pelo jornal espanhol El País. Geralmente, este prêmio é dado a jornalistas prestigiados ou a escritores de grande carreira literária. É a primeira vez que uma pessoa com seu perfil o recebe. Você foi selecionada entre cem pessoas mais influentes do mundo pela revista Time (2008). Seu blog foi incluído na lista dos 25 melhores blogs do mundo pela cadeia CNN e pela revista Time (2008), e também conquistou o prêmio espanhol Bitacoras.com, assim como The Bob’s (2008). El País lhe incluiu em sua lista das cem personalidades hispano-americanas mais influentes do ano 2008. A revista Foreign Policy ainda a incluiu entre os dez intelectuais mais importantes do ano em dezembro de 2008. A revista mexicana Gato Pardo fez o mesmo em 2008. A prestigiosa universidade norte-americana de Columbia lhe concedeu o prêmio María Moors Cabot. Como você explica esta avalanche de prêmios, acompanhados de importantes quantias financeiras, em apenas um ano de existência?
 
7. Em que emprega os 250 mil euros conseguidos graças a estas recompensas, um valor equivalente a mais de 20 anos de salário mínimo em um país como França, quinta potencia mundial, e a 1.488 anos de salário mínimo em Cuba?
 
8. A Sociedade Interamericana de Imprensa, que agrupa os grandes conglomerados midiáticos privados do continente, decidiu nomeá-la vice-presidente regional por Cuba de sua Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação. Qual é seu salário mensal por este cargo?
 

9. Você também é correspondente do jornal espanhol El País. Qual é sua remuneração mensal?
10. Quantas entradas de cinema, de teatro, quantos livros, meses de aluguel ou pizzas pode pagar em Cuba com sua renda mensal?
11. Como pode pretender representar os cubanos enquanto possui um nível de vida que nenhuma pessoa na ilha pode se permitir levar?
12. O que faz para se conectar à Internet se afirma que os cubanos não têm acesso e ela?
13. Como é possível que seu blog possa usar Paypal, sistema de pagamento online que nenhum cubano que vive em Cuba pode utilizar por conta das sanções econômicas que proíbem, entre outros, o comércio eletrônico?
14. Como pôde dispor de um Copyright para seu blog “© 2009 Generación Y – All Rights Reserved”, enquanto nenhum outro blogueiro cubano pode fazer o mesmo por causa das leis do embargo?
15. Quem se esconde atrás de seu site desdecuba.net, cujo servidor está hospedado na Alemanha pela empresa Cronos AG Regensburg, registrado sob o nome de Josef Biechele, que hospeda também sites de extrema direita?
16. Como pôde fazer seu registro de domínio por meio da empresa norte-americana GoDady, já que isto está formalmente proibido pela legislação sobre as sanções econômicas?
17. Seu blog está disponível em pelo menos 18 idiomas (inglês, francês, espanhol, italiano, alemão, português, russo, esloveno, polaco, chinês, japonês, lituano, checo, búlgaro, holandês, finlandês, húngaro, coreano e grego). Nenhum outro site do mundo, inclusive das mais importantes instituições internacionais, como por exemplo as Nações Unidas, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, a OCDE ou a União Europeia, dispõem de tantas versões linguísticas. Nem o site do Departamento de Estado dos Estados Unidos, nem o da CIA dispõem de igual variedade. Quem financia as traduções?
18. Como é possível que o site que hospeda seu blog disponha de uma banda com capacidade 60 vezes superior àquela que Cuba dispõe para todos os usuários de Internet?
19. Quem paga a gestão do fluxo de mais de 14 milhões de visitas mensais?
20. Você possui mais de 400 mil seguidores em sua conta no Twitter. Apenas uma centena deles reside em Cuba. Você segue mais de 80 mil pessoas. Você afirma “Twitto por sms sem acesso à web”. Como pode seguir mais de 80 mil pessoas sem ter acesso à internet?

21. O site www.followerwonk.com permite analisar o perfil dos seguidores de qualquer membro da rede social Twitter. Revela a partir de 2010 uma impressionante atividade de sua conta. A partir de junho de 2010, você se inscreveu em mais de 200 contas diferentes do Twitter a cada dia, com picos que podiam alcançar 700 contas em 24 horas. Como pôde realizar tal proeza?

22. Por que cerca de seus 50 mil seguidores são na verdade contas fantasmas ou inativas? (ver aqui) De fato, dos mais de 400 mil perfis da conta @yoanisanchez, 27.012 são ovos (sem foto) e 20 mil têm características de contas fantasmas com uma atividade inexistente na rede (de zero a três mensagens mandadas desde a criação da conta).

23. Como é possível que muitas contas do Twitter não tenham nenhum seguidor, apenas seguem você e tenham emitido mais de duas mil mensagens? Por acaso seria para criar uma popularidade fictícia? Quem financiou a criação de contas fictícias?
24. Em 2011, você publicou 400 mensagens por mês. O preço de uma mensagem em Cuba é de 1,25 dólares. Você gastou seis mil dólares por ano com o uso do Twitter. Quem paga por isso?
25. Como é possível que o presidente Obama tenha lhe concedido uma entrevista, enquanto recebe centenas de pedidos dos mais importantes meios de comunicação do mundo?
26. Você afirmou publicamente que enviou ao presidente Raúl Castro um pedido de entrevista depois das respostas de Barack Obama. No entanto, um documento oficial do chefe da diplomacia norte-americana em Cuba, Jonathan D. Farrar, afirma que você nunca escreveu a Raúl Castro: “Ela não esperava uma resposta dele, pois confessou nunca tê-las enviado [as perguntas] ao presidente cubano. Por que mentiu?

27. Por que você, tão expressiva em seu blog, oculta seus encontros com diplomáticos norte-americanos em Havana?

28. Entre 16 e 22 de setembro de 2010, você se reuniu secretamente em seu apartamento com a subsecretaria de Estado norte-americana Bisa Williams durante sua visita a Cuba, como revelam os documentos do Wikileaks. Por que manteve um manto de silêncio sobre este encontro? De que falaram?

29. Michael Parmly, antigo chefe da diplomacia norte-americana em Havana afirma que se reunia regularmente com você em sua casa, como indicam documentos confidenciais da SINA. Em uma entrevista, ele compartilhou sua preocupação em relação à publicação dos cabos diplomáticos norte-americanos pelo Wikileaks: “Eu me incomodaria muito se as numerosas conversas que tive com Yoani Sánchez forem publicadas. Ela poderia sofrer as consequências por toda a vida”. A pergunta que imediatamente vem à mente é a seguinte: quais são as razões por que você teria problemas com a justiça cubana se sua atuação, conforme afirma, respeita o marco da legalidade?

30. Continua pensando que “muitos escritores latino-americanos mereciam o Prêmio Nobel de Literatura mais que Gabriel García Márquez”?

31. Continua pensando que “havia uma liberdade de imprensa plural e aberta, programas de rádio de toda tendência política” sob a ditadura de Fulgencio Batista entre 1952 e 1958?

32. Você declarou em 2010: “o bloqueio tem sido o argumento perfeito do governo cubano para manter a intolerância, o controle e a repressão interna. Se amanhã as suspenderem as sanções, duvido muito que sejam vistos os efeito”. Continua convencida de que as sanções econômicas não têm nenhum efeito na população cubana?
33. Condena a imposição de sanções econômicas dos Estados Unidos contra Cuba?
34. Condena a política dos Estados Unidos que busca uma mudança de regime em Cuba em nome da democracia, enquanto apoio as piores ditaduras do Oriente Médio?
35. Está a favor da extradição de Luis Posada Carriles, exilado cubano e ex-agente da CIA, responsável por mais de uma centena de assassinatos, que reconheceu publicamente seus crimes e que vive livremente em Miami graças à proteção de Washington?
36. Está a favor da devolução da base naval de Guantánamo que os Estados Unidos ocupam?
37. Você é favorável à libertação dos cinco presos políticos cubanos presos nos Estados Unidos desde 1998 por se infiltrarem em organizações terroristas do exílio cubano na Florida?
38. Em sua opinião, é normal que os Estados Unidos financiem uma oposição interna em Cuba para conseguir “uma mudança de regime”?

39. Em sua avaliação, quais são as conquistas da Revolução Cubana?

40. Quais interesses se escondem atrás de sua pessoa?